Carta ao Departamento de História
A/C Departamento de História da UFPR
Considerando que, como argumento de nossa defesa, a formação do historiador deve levar em conta a não separação entre teoria e prática, a qual só se respalda em uma formação integral, como diz o documento da ANPUH,
“1. Formação integral, levando em conta a complexidade do momento histórico;
2. Indissolubilidade entre ensino, pesquisa e extensão, em todos os níveis do ensino: isto significa na prática a rejeição da divisão entre cursos de licenciatura e bacharelado, que segmentam e desarticulam essas dimensões inerentes ao processo educativo;
3. Diálogo contínuo e renovado entre saberes acadêmico e escolar, sem que isso signifique escolarizar o saber acadêmico ou academizar o saber escolar. Em outras palavras reconhece-se, pois, os fios fundamentais da tessitura da formação de docentes da área de História:
a) o professor como agente do processo educacional;
b) que a atividade docente pauta-se na articulação entre teorias e práticas;
c) que a prática profissional não é o locus de aplicação de saberes universitários, mas de produção de saberes docentes;
4. Natureza educativa e social de toda e qualquer dimensão do trabalho do historiador. Em conseqüência a estrutura curricular dos cursos de graduação deve contemplar essa dimensão como eixo estruturante e elemento de articulação entre a produção do conhecimento histórico e o ensino em todos os níveis.”[1]
nossa concepção funda-se na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, bem como entre licenciatura e bacharelado.
O próprio DEHIS afirma tal posição, “Uma das especificidades do curso é que ele funciona como se fosse de habilitação única, uma vez que existe a obrigatoriedade de cursar simultaneamente a licenciatura (ensino) e o bacharelado (pesquisa). Essa decisão, implantada há alguns anos, teve como objetivo a formação integral de profissionais de História de alto nível. Tem como pressuposto uma renovação do ensino da História, uma vez que representa uma negativa veemente em se continuar a formar professores que fossem meros repassadores de conteúdos. Os integrantes do curso consideraram que um bom professor deve dominar os processos através dos quais é elaborado o conhecimento historiográfico. Da mesma forma, um bom pesquisador deve ter a capacidade de transmitir o conhecimento produzido. Essa decisão se demonstrou acertada pela excelente classificação nos processos de avaliação dos cursos de ensino superior feitos pelo MEC.”[2]
Sendo assim, a Gestão “da luta não me retiro”, que compõe o Centro Acadêmico de História da UFPR, legítimo representante dos e das estudantes desse departamento, se posiciona contrária a formação de um Curso de História que se contraponha às formulações acima citadas, ou seja, somos contrários à criação de um curso noturno de História na modalidade Bacharelado.
Nossa defesa não se encontra somente no campo das idéias, pois é de conhecimento de todos a nossa iniciativa de organizar um Grupo de Estudos, denominado “Historiador pra quê?”, no qual o debate acerca das diretrizes curriculares dos Cursos de História, e suas contradições, é ponto estruturante de nosso debate.
Ressaltamos que tal posição de forma alguma se coloca nos marcos da não ampliação de vagas na Universidade, pois também é de conhecimento comum que defendemos com veemência tal ampliação, ampliação esta que seja com qualidade, ou seja, na indissociabilidade entre pesquisa, ensino e extensão, e assim, por consequência direta, na não dissociação entre Bacharelado e Licenciatura.[3]
Vale ainda salientar que tal posição foi consensual na Plenária Final do XXVII Encontro Nacional de Estudantes de História, realizado em Cuiabá – MT, em setembro de 2007, e na Plenária Final do X Encontro Regional de Estudantes de História – Região Sul, realizado em Curitiba, em março do corrente ano.
Porém, considerando que, embora considerável parte dos estudantes de História da UFPR comunguem com a posição do CAHIS, não houve um aprofundamento da discussão do curso proposto pelo DEHIS, e, isso se deu, entre outros fatores, ao curto prazo para a discussão do mesmo. Sendo assim, os representantes discentes neste departamento se abstém de votar pela criação, ou não, do Curso noturno de História na modalidade Bacharelado.
O CAHIS se compromete, diante mão, a levar a cabo o debate acerca da não dissociação entre Bacharelado e Licenciatura, propondo debates e mesas redondas acerca do tema. Pois, da luta não nos retiramos!
[1] ANPUH. Coletânea de Documentos do GT – Ensino de História. Disponível em www2.uerj.br/~dephist/perfil.html.
[2] Descrição do Curso de História no sítio da UFPR. http://www.ufpr.br/adm/templates/p_index.php?template=3&Cod=369&hierarquia=6.3.2.32
[3] Ver Carta Programa da chapa “da luta não me retiro” e posteriores documentos publicados referentes à luta contra o REUNI.
Para o esclarecimento geral da nação sobre a posição do CAHIS.