24.4.08

Carta ao Departamento de História

A/C Departamento de História da UFPR

Considerando que, como argumento de nossa defesa, a formação do historiador deve levar em conta a não separação entre teoria e prática, a qual só se respalda em uma formação integral, como diz o documento da ANPUH,

“1. Formação integral, levando em conta a complexidade do momento histórico;

2. Indissolubilidade entre ensino, pesquisa e extensão, em todos os níveis do ensino: isto significa na prática a rejeição da divisão entre cursos de licenciatura e bacharelado, que segmentam e desarticulam essas dimensões inerentes ao processo educativo;

3. Diálogo contínuo e renovado entre saberes acadêmico e escolar, sem que isso signifique escolarizar o saber acadêmico ou academizar o saber escolar. Em outras palavras reconhece-se, pois, os fios fundamentais da tessitura da formação de docentes da área de História:

a) o professor como agente do processo educacional;

b) que a atividade docente pauta-se na articulação entre teorias e práticas;

c) que a prática profissional não é o locus de aplicação de saberes universitários, mas de produção de saberes docentes;

4. Natureza educativa e social de toda e qualquer dimensão do trabalho do historiador. Em conseqüência a estrutura curricular dos cursos de graduação deve contemplar essa dimensão como eixo es­truturante e elemento de articulação entre a produção do co­nhe­ci­mento histórico e o ensino em todos os níveis.”[1]

nossa concepção funda-se na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, bem como entre licenciatura e bacharelado.

O próprio DEHIS afirma tal posição, “Uma das especificidades do curso é que ele funciona como se fosse de habilitação única, uma vez que existe a obrigatoriedade de cursar simultaneamente a licenciatura (ensino) e o bacharelado (pesquisa). Essa decisão, implantada há alguns anos, teve como objetivo a formação integral de profissionais de História de alto nível. Tem como pressuposto uma renovação do ensino da História, uma vez que representa uma negativa veemente em se continuar a formar professores que fossem meros repassadores de conteúdos. Os integrantes do curso consideraram que um bom professor deve dominar os processos através dos quais é elaborado o conhecimento historiográfico. Da mesma forma, um bom pesquisador deve ter a capacidade de transmitir o conhecimento produzido. Essa decisão se demonstrou acertada pela excelente classificação nos processos de avaliação dos cursos de ensino superior feitos pelo MEC.”[2]

Sendo assim, a Gestão “da luta não me retiro”, que compõe o Centro Acadêmico de História da UFPR, legítimo representante dos e das estudantes desse departamento, se posiciona contrária a formação de um Curso de História que se contraponha às formulações acima citadas, ou seja, somos contrários à criação de um curso noturno de História na modalidade Bacharelado.

Nossa defesa não se encontra somente no campo das idéias, pois é de conhecimento de todos a nossa iniciativa de organizar um Grupo de Estudos, denominado “Historiador pra quê?”, no qual o debate acerca das diretrizes curriculares dos Cursos de História, e suas contradições, é ponto estruturante de nosso debate.

Ressaltamos que tal posição de forma alguma se coloca nos marcos da não ampliação de vagas na Universidade, pois também é de conhecimento comum que defendemos com veemência tal ampliação, ampliação esta que seja com qualidade, ou seja, na indissociabilidade entre pesquisa, ensino e extensão, e assim, por consequência direta, na não dissociação entre Bacharelado e Licenciatura.[3]

Vale ainda salientar que tal posição foi consensual na Plenária Final do XXVII Encontro Nacional de Estudantes de História, realizado em Cuiabá – MT, em setembro de 2007, e na Plenária Final do X Encontro Regional de Estudantes de História – Região Sul, realizado em Curitiba, em março do corrente ano.

Porém, considerando que, embora considerável parte dos estudantes de História da UFPR comunguem com a posição do CAHIS, não houve um aprofundamento da discussão do curso proposto pelo DEHIS, e, isso se deu, entre outros fatores, ao curto prazo para a discussão do mesmo. Sendo assim, os representantes discentes neste departamento se abstém de votar pela criação, ou não, do Curso noturno de História na modalidade Bacharelado.

O CAHIS se compromete, diante mão, a levar a cabo o debate acerca da não dissociação entre Bacharelado e Licenciatura, propondo debates e mesas redondas acerca do tema. Pois, da luta não nos retiramos!



[1] ANPUH. Coletânea de Documentos do GT – Ensino de História. Disponível em www2.uerj.br/~dephist/perfil.html.

[2] Descrição do Curso de História no sítio da UFPR. http://www.ufpr.br/adm/templates/p_index.php?template=3&Cod=369&hierarquia=6.3.2.32

[3] Ver Carta Programa da chapa “da luta não me retiro” e posteriores documentos publicados referentes à luta contra o REUNI.


Para o esclarecimento geral da nação sobre a posição do CAHIS.

Um comentário:

Edrielton disse...

É evidente que necessitamos de um curso noturno, mas que ele seja com a mesma habilitação que o curso da tarde proporciona!

CAHIS ufpr, gestão 2007/2008: Da luta não me retiro...
Alexandre Böing, Camila Chueire, Caroline Pereira, Daniel Nodari, Edrielton Garcia, Fernanda Haag, Juliana Fleig, Lorena Oliveira, Mario Pereira, Marta Savi, Orlando Netto, Rafaella Garcia, Rebecca Oliveira, Samuel Teixeira, Tauane Mendonça, Thays Oliveira, Wagner Tauscheck.